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Militar acusado de perseguir jornalista é investigado por assédio sexual e falsificar documentos

Ex-comandante da PM de Nova Andradina teve nomeação na Casa Militar cancelada

Além de suposto de envolvimento na denúncia de perseguição contra o jornalista Sandro de Almeida, praticada por quatro policiais militares à paisana, o tenente-coronel José Roberto Nobres de Souza, já foi investigado em dois IPMs (Inquérito Policial Militar). Os casos agora são apurados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Um deles é relacionado a assédio sexual contra uma colega de farda em Nova Andradina. Informações apuradas pela reportagem do Midiamax relatam que o crime teria ocorrido dentro do gabinete do tenente-coronel, no início de dezembro de 2022, durante uma confraternização entre os militares.
Apesar da denúncia ter sido arquivada pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, com base em análises da Corregedoria da PM, o MPMS discordou da decisão e determinou a abertura de procedimento investigativo.

O outro inquérito militar trata de denúncia de falsificação de documentos para cancelar multas emitidas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) de uma viatura descaracterizada que teria sido utilizada pelo comandante em atividades particulares. Entretanto, o caso também foi arquivado, mas segue em investigação pelo MPMS.

Procurado pela reportagem do Midiamax, o tenente-coronel José Roberto Nobres de Souza confirmou a existência dos dois inquéritos abertos pela Corregedoria da Polícia Militar, mas ressaltou que os fatos já foram devidamente apurados, sem nenhuma comprovação.

“Em relação à denuncia de assedio isso já alvo de apuração militar e já foi esclarecido deveras vezes. Infelizmente existe pessoas com ideais e vontades não muito republicanas e com interesse em disseminar informações falsas”, justificou o oficial da PM , ressaltando que as investigações , uma vez que a Polícia Militar ‘já tinha apurado isso há seis meses atrás”.

Segundo ele a denúncia foi refeita. “Nesse inquérito todos que supostamente estavam envolvidos já foram ouvidos. Inclusive a maioria nem sabia dos fatos. E aqueles que sabiam negaram. Inclusive a suposta vítima disse que jamais isso aconteceu. Foi simplesmente uma denúncia vazia, com o viés de perturbar e de causar instabilidade no comando”, explicou o tenente-coronel.

Sobre a acusação de falsificação de documentos para suspensão de multas, o militar também afirma que o caso também já foi devidamente apurado. “Foi verificado que não há nenhuma irregularidade em relação à viatura. A única situação que o encarregado do inquérito entendeu é que eu deveria ter providenciado um documento nosso relatando os fatos, o que entendo que não era necessário”.

A respeito dos procedimentos abertos pelo MPMS, o tenente-coronel explicou que ainda não foi citado pelo órgão para prestar quaisquer esclarecimentos. “Esses inquéritos foram encaminhados para o Ministério Público e demoram um tempo para serem analisados. Mas não tive nenhuma notificação e nenhuma informação a respeito.

Cancelamento de nomeação

Questionado a respeito da sua transferência para Campo Grande, onde seria lotado para cargo de confiança na Casa Militar de Mato Grosso do Sul, e que foi cancelada nesta segunda-feira (5), o oficial disse desconhecer os motivos.

“Eu me apresento no Comando Militar da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul em julho. Tenho 40 dias para providencia minha mudança. Desconheço o cancelamento da minha movimentação (designação) para a Casa Militar e, independente de qualquer coisa , estarei disponível para cumprir a missão que me for designada”.

Ainda segundo o ex-comandante da PM de Nova Andradina, qualquer informação que tenha motivado esse cancelamento não passa de especulação. “Eu estou de folga e nem sabia que já sido publicada a minha nomeação. Eu passei o comando na sexta-feira”, explica José Roberto.

“Se é por motivo do ocorrido com o jornalista , eu desconheço. Ninguém me ligou, ninguém me falou nada. Eu entendo que tem que ser apurado mesmo. E se o Governo resolveu fazer isso por conta de que tem que preservar as instituições, eu apoio o governo. Acho que ele está certo e tem que ser feito isso mesmo”.

Entretanto, a respeito das acusações que vem sofrendo a respeito do ataque ao jornalista, o tenente-coronel declara que tomar providências. “A gente vai utilizar dos meios legais cabíveis, por que isso aí constitui calúnia e difamação né. Estamos buscando os meios judiciais para que essas pessoas sejam responsabilizadas”, anuncia o ex-comandante.

O tenente-coronel nega que os policiais estivessem cumprindo qualquer determinação dada por ele. “Não determinei nenhuma ação nesse sentido”. No entanto à reportagem do Midiamax, ela informou que os quatro estavam de serviço. “Na parte que fala que só tinha um policial de serviço, na verdade, quem olhou a escala, olhou a escala de serviço operacional. Eles estavam numa outra escala, num serviço que é previsto”.

Ainda segundo ele, obre os dois policiais que estavam afastados, as circunstâncias precisam ser apuradas. “Eu já tive acesso a informações porque era comandante no momento dos fatos. Tem uma ocorrência policial registrada narrando os fatos ocorridos”.

“Ninguém divulgou todo o contexto”

Ele complementa ainda, que o fato tem que ser investigado. ”Isso tem que ser investigado e o Comando da Corporação está fazendo isso daí. De forma alguma, em momento algum eu determinei que qualquer ação. Somos contra qualquer agressão. Muito embora, tem que se fazer a ressalva né, ali só foi divulgada parte da ação. Ninguém divulgou todo o contexto do que aconteceu naquela abordagem”, pontua o ex-comandante.

“É importante ressaltar que os policiais têm direito ao contraditório, ampla defesa e eles não foram ouvidos. As pessoas estão balizando suas conclusões apenas com o que foi divulgado pela imprensa. A gente aguarda justamente essas apurações que estão sendo conduzidas pra que os fatos sejam esclarecidos”, conclui o tenente-coronel.