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Morre candidato que passou mal em prova física de concurso da PM

Campo Grande News

Arthur Matheus Martins Rosa, de 25 anos, candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, morreu após passar mal durante o TAF (Teste de Aptidão Física), na quinta-feira (03). 

O candidato a soldado da PM (Polícia Militar) que faleceu hoje cedo, participava ontem das provas que envolviam corrida de até 12 minutos, barras e flexões. Ele apresentou à organização da seleção um atestado de aptidão física assinado por médica de Goiânia, onde vivia, com data de 27 de julho, requisito obrigatório. Ontem, foi registrado o dia mais quente do inverno, com temperatura se aproximando de 35°C, com agravante da baixa umidade do ar.

A informação obtida pela reportagem é que o jovem fez a prova no final da manhã, quando passou mal, no Centro Olímpico Rui Jorge da Cunha, na Vila Nasser. No local, foi montada uma tenda, onde os candidatos permaneciam à espera da vez de fazer o teste. A empresa responsável pela seleção, Idecan (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional), informou que quando Arthur passou mal, foi atendido por equipe médica designada para acompanhar as provas e levado para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Coronel Antonino, sendo depois transferido para o Hospital Adventista do Pênfigo, onde foi entubado e faleceu. De início, foi identificado que ele teria ficado desidratado. 

Os portões foram abertos para as provas às 6h da manhã. Pelo edital, os candidatos deveriam percorrer 2,4 mil metros em até 12 minutos, além de realizar cinco flexões na barra, no caso de homens, e ainda, flexões abdominais, 28 para mulheres e 32 para homens, conforme o edital do concurso divulgado no Dário Oficial.

Os exercícios foram definidos para avaliar as condições de força, coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade, capacidade aeróbica, anaeróbica, muscular e velocidade, com a finalidade de verificar o condicionamento físico dos candidatos para os esforços físicos a que serão expostos durante o curso de formação e a resistência necessária para atuar como policial militar, segundo o edital.

O Idecan informou que há mais de 40 dias havia divulgado as diretivas para os exames físicos. O próprio edital do concurso apontou que para essa fase os candidatos deveriam dormir bem na noite anterior, estarem alimentados, sem consumo de bebida alcoólica ou substância química para estarem “em boas condições”.

Além de Arthur, ontem saíram informações de que outros dois candidatos passaram mal durante a prova. Hoje cedo, elas continuavam sendo realizadas. O jovem também estava participando do processo seletivo para a PM do Distrito Federal.

Divulgação

Equipe de emergência permanece no local durante a realização dos testes físicos pelos candidatosO Idecan informa que está auxiliando os familiares de Matheus. A Secretaria do Governo divulgou nota se solidarizando com os parentes e amigos do candidato. Considerou que mesmo com “todo cuidado e responsabilidade pela aplicação da mesma (prova) é necessário apuração célere que não deixe margens para novas tragédias, motivo pelo qual já iniciou uma apuração isenta e objetiva”.

Conforme o edital do concurso, o Comando da PM manteria uma comissão técnica para acompanhar os passos da seleção.

Arthur era de Goiânia

A família, que chegou à capital de Mato Grosso do Sul, por volta das 05h30 de hoje, cuida dos trâmites funerários. A enfermeira Lays Rosa Campos, 23 anos, namorada de Arthur, lamentou o descaso da banca examinadora com os candidatos do teste.

“Eu já recebi um feedback de quem estava na prova e todos disseram que as condições climáticas não estavam favoráveis. Ele ficou várias horas aguardando a vez dele, só foi fazer o teste 13h, no sol quente. A banca não poderia deixar uma pessoa esperando das 06h da manhã até 13h”.

Natural de Goiânia (GO), Arthur era o irmão do meio de mais duas irmãs. Ele chegou em Campo Grande na terça-feira (02), veio de carro com mais dois amigos que também participaram do TAF. Antes de ser aprovado no concurso da Polícia Militar de Mato Grosso Sul, o jovem foi por um ano policial penal temporário, na cidade que morava.

“Ele estudou muito para esse concurso. Ele tinha o sonho de ser policial, se inscrevia em todos, inclusive tinha passado na primeira fase de um concurso da PM de Brasília. Além disso, estava estudando para um de Goiânia e Santa Cataria”, contou Lays.

Segundo ela, na tarde de ontem, um oficial da Polícia Militar entrou em contato com a irmã de Arthur Matheus e disse que ele havia desmaiado durante a prova e que provavelmente era por desidratação. 

Recebendo apoio da Polícia Militar e da prefeitura, Lays acredita que, entre hoje e amanhã, consegue liberar o corpo de Arthur, para que ele seja sepultado em Goiânia. “Só tivemos contato com os oficiais da PM, estamos tendo o apoio dos policiais, mas contato com a banca não tivemos. Eles não nos informaram nada até agora, queremos retratação por parte deles e melhores condições nesses testes”, pediu Lays.

Juntos há 4 anos, a namorada de Arthur Matheus lamenta que os sonhos de seu companheiro tenham sido interrompidos. “É muito triste porque ele estava quase lá, perto da realização dele, ele estava sendo aprovado em outro concurso. Estava no início da vida dele, conquistando tudo que sempre quis, é um baque saber que ele não vai mais estar com a gente, conquistando os sonhos dele”, finaliza. 

Atestado de aptidão

De acordo com o Idecan (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional), Arthur Matheus apresentou o atestado médico, comprovando plenas condições de realizar o TAF.

No atestado diz: Arthur Matheus Martins Rosa encontra-se em boas condições de saúde, estando apto para realizar avaliação de capacidade física, previsto no Edital nº 65/2023 – SAD/SEJUSP/PMMS/CFSD- convocação para realização fase IV: Exame de capacidade física, concurso público para ingressar no cargo de soldado do quadro de praças da Polícia Militar.