Leonardo Cabral em 04 de Novembro de 2022
Foi confirmada para esta sexta-feira, 04 de novembro, às 18h, a abertura da mesa técnica que definirá a data do Censo Demográfico exigido por manifestantes cívicos que vivem no departamento de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, onde é mantida greve geral desde 22 de outubro. A fronteira com Corumbá, distante 650 km de Santa Cruz, entrou hoje no 14° dia fechada para tráfego de veículos.
A mesa técnica será realizada na cidade de Trinidad (Beni). O governo federal mantém a posição de realizar o Censo em 2024; já os cívicos propõem que em algumas regiões, como Santa Cruz e Tarija, seja feito em 2023.
A vice-ministra da Comunicação, Gabriela Alcón, disse que as discussões serão por etapas tempo, pois não há espaço estabelecido para entrega do resultado final. A vice-ministra destacou que autoridades estarão presentes apenas na cerimônia de abertura e que quando os trabalhos começarem, no sábado, 05 de novembro, a partir das 10h, apenas os especialistas credenciados formarão a comissão. Duas organizações internacional também irão acompanhar as discussões.
Fronteira segue fechada há 14 dias
Na fronteira com Corumbá, montes de terras, pedaços de paus, cavaletes, tambores e bandeiras de Santa Cruz, Bolívia e Puerto Quijarro, estiradas na via, impedindo o tráfego de veículos. Apenas é permitida a passagem de pedestres, ambulâncias ou pessoas que fazem tratamento de saúde em Corumbá.
Ao Diário Corumbaense, a presidente do Comitê Cívico Feminino de Puerto Quijarro, Lilian Andrea Pereira Román, explicou que enquanto não se revolver o impasse, o bloqueio segue.
“Estamos pedindo diálogo com essa mesa técnica, que terá autoridades correspondentes ao assunto do Censo. Porém, a realização do Censo, uma vez aprovada, para 2023, também tem que ser decretada, aí sim, iremos acabar com os bloqueios no departamento de Santa Cruz. Não podemos confiar nesse governo, pois ele fala uma coisa e faz outra. Só quando o decreto com a realização do Censo no primeiro semestre de 2023, for promulgado, acabamos com o Paro”, afirmou Lilian Andrea.
A mobilização
De acordo com lideranças do Paro Cívico, o Censo Demográfico precisa ser realizado o quanto antes, pois o Estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos são os mais prejudicados, já que o último foi realizado em 2012 e de lá pra cá, muita coisa mudou.
Santa Cruz, conforme o ultimo Censo, tinha 2 milhões de habitantes, desde então, essa população cresceu, ainda mais com a migração de pessoas de outras cidades e departamentos da Bolívia, que optaram por viver lá. Como consequência, afeta diretamente no repasse de verba pública para investimentos, políticas sociais, que deveriam ser de acordo com o número de pessoas que vivem nos estados. Também afeta a representatividade política do departamento no Congresso boliviano.
No início do Paro Cívico, houve conflito em Puerto Quijarro, na fronteira com Corumbá entre moradores contrários e apoiadores da paralisação. O funcionário da Prefeitura de Quijarro, Julio Pablo Taborga, morreu na confusão. Três homens foram detidos, acusados de envolvimento na morte e levados para Santa Cruz.
Com informações da Unitel TV.