Lu Barreto – Estado Diário
O exame necroscópico e sexológico realizado no corpo de Isis Ojeda da Silva, de 1 ano e 9 meses, confirmou que a criança sofreu estupro antes de sua morte, crime confessado por seu pai, Igor Silva de Souza, de 28 anos. Com base no laudo, a Polícia Civil de Camapuã (MS) concluiu o inquérito, indiciando Igor por estupro e a mãe da menina, Simiona Ojeda, por maus-tratos. Segundo o delegado Matheus Alves Vital, responsável pela investigação, o laudo apontou que Isis foi vítima de abuso sexual e morreu por asfixia mecânica causada por obstrução da traqueostomia, procedimento que a criança realizava devido a problemas de saúde.
A obstrução impediu a passagem de ar para os pulmões, resultando em sufocação. O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário, e Igor foi preso em flagrante, com a prisão convertida em preventiva. Simiona, indiciada por maus-tratos, permanece em liberdade. O caso gerou grande comoção em Camapuã, onde Isis, que já enfrentava problemas de saúde desde o ano anterior, faleceu no dia 9 de julho após dar entrada no Posto de Saúde com insuficiência respiratória. Durante o atendimento, profissionais de saúde identificaram sinais de abuso sexual e acionaram as autoridades.
Em depoimento, Igor confessou ter estuprado a filha na noite anterior à sua morte, enquanto estava na casa de uma prima, deitado em um colchão com a ex-esposa, Simiona, e os filhos. Ele relatou que aproveitou a situação para abusar de Isis durante uma relação sexual com a mãe, que não teria percebido o crime. No dia seguinte, Igor afirmou que a criança acordou bem, mas foi informado por uma agente de saúde que ela havia sido internada e faleceu.
Igor justificou o crime alegando ter sofrido abusos na infância por um primo mais velho, o que, segundo ele, gerou traumas e impulsos incontroláveis. Ele afirmou precisar de tratamento médico. Isis havia recebido alta no dia 8 de julho do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, onde esteve internada desde 28 de junho devido a uma infecção na traqueostomia. O hospital constatou sinais de negligência, como larvas e piolhos na região da traqueostomia, além de pneumonia.
Após cirurgia para retirada das larvas e troca da cânula, a criança evoluiu bem, mas a equipe hospitalar comunicou os órgãos competentes sobre a situação de vulnerabilidade familiar. A prefeitura de Camapuã informou que o Conselho Tutelar foi notificado sobre a negligência apenas no dia 7 de julho, sem tempo hábil para intervenção, já que Isis retornou ao município na véspera de sua morte. O Conselho já havia acompanhado a família no ano anterior, mas o processo foi interrompido quando se mudaram para Jardim, sendo retomado apenas após a tragédia. O irmão de Isis, de 2 anos e 9 meses, foi encaminhado para uma família acolhedora por meio do programa Família Acolhedora, devido à suspeita de abuso e à situação de risco. O caso está em segredo de Justiça.
