Sem leitos, Campo Grande classifica surto respiratório como epidemia e vai liberar consultas

Secretaria de Saúde faz alerta para pais de bebês de até 6 meses

Campo Grande enfrenta uma epidemia de doenças respiratórias, que atingem principalmente as crianças. A classificação da crise que lota unidades de saúde, hospitais da rede pública e até privada em epidemia foi feita pelo secretário municipal de saúde, Sandro Benites. Para conter a pressão no sistema público, a prefeitura vai tomar medidas emergenciais, como compra de leitos privados e liberação de consultas pediátricas sem agendamento nas unidades básicas de saúde da Capital.

Jornal Midiamax tem noticiado o aumento de casos respiratórios, principalmente em crianças, desde o início do mês de março. Na semana passada, a cidade tinha uma demanda diária de 50 crianças à espera de vaga em hospital. O surto de doenças respiratórias atinge principalmente crianças e é mais grave em bebês. A situação se agravou em razão da circulação dos vírus Covid-19, rinovírus, sincicial respiratório e influenza no período de volta às aulas e após o período de isolamento da pandemia, quando a circulação de vírus entre as crianças foi menor. Entenda mais detalhes do surto respiratório nesta reportagem.

Em entrevista nesta segunda-feira (3), o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Sandro Benites, deu detalhes das medidas tomadas pela prefeitura para controlar a crise.

Como já anunciado no sábado (1º), a prefeitura prevê publicar ainda hoje um edital de chamamento para hospitais públicos que tenham leitos pediátricos para internação de crianças. O valor da contratualização ainda não está definido, mas o problema é que a rede privada também está superlotada.

Benites confirmou que hospitais particulares das redes Cassems, Unimed, São Julião e Pênfigo já comunicaram ao município que estão lotados e chegaram a solicitar vagas no SUS (Sistema Único de Saúde). O que dificulta o plano da prefeitura de contratar leitos privados. Único hospital que informou à Sesau que tem interesse na contratualização é o El Kadri, que possui 30 leitos disponíveis para ceder ao poder público.

“Estamos vivendo duas epidemias. Por conta disso, procuramos a iniciativa privada, mas eles também estão passando pela mesma situação e até pedindo vaga para gente”, disse o secretário se referindo também à epidemia de dengue que atinge a Capital.

Unidades básicas com consultas liberadas

Além de contratar os leitos privados, a Sesau tomou outra decisão que tem o objetivo de reduzir a lotação de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs 24 horas (Centros Regionais de Saúde). A prefeitura vai liberar consultas pediátricas em UBS e USF, as unidades básicas, sem agendamento. Ou seja, em caso de sintomas respiratórios sem gravidade, os pais poderão procurar as unidades básicas.

A intenção é evitar que casos de menor gravidade lotem as unidades de emergência. A prefeitura ainda não detalhou a partir de quando os agendamentos deixarão de ser exigidos e as consultas serão liberadas nas unidades.

Outra medida tomada pela Sesau é a rotatividade de médicos pediatras nas unidades, em uma espécie de equipes volantes nas UPAs.

A vacinação contra a gripe, iniciada nesta segunda (3) em Campo Grande, também deve ser buscada por pais para diminuir os efeitos graves da gripe em crianças. Bebês e crianças de até seis anos já podem ser imunizados contra a Influenza.

Alerta para bebês de até 6 meses

O secretário de saúde também fez um alerta para pais de bebês de até 6 meses de idade. Segundo ele, no fim de semana foram constatados casos graves em muitos bebês com sintomas de doenças respiratórias. A situação atinge até crianças com poucos dias de vida.

Diante do problema, Sandro Benites fez apelo para que pais evitem expor bebês de até 6 meses em locais com alto fluxo de pessoas. E que em caso de crianças que frequentem escola, que os pais mantenham os alunos com sintomas de doenças respiratórias até 3 dias em casa.

“Eu quero fazer um alerta para pais de bebês abaixo de 1 ano, pelo menos bebês de até seis meses, evitem sair de casa. Não é hora de ficar passeando e fazendo visita, vamos proteger. Sempre utilizar máscara. Vamos voltar a proteger nossos bebês porque estamos vivenciando uma epidemia e já tivemos óbitos”, disse o secretário.

Dengue também causa epidemia em Campo Grande

Além do surto de doenças respiratórias, Campo Grande também enfrenta uma epidemia de dengue. Em todo o Mato Grosso do Sul, são mais de 20 mil casos em apenas três meses.

A morte da criança de 3 anos, ocorrida na semana passada, que era suspeita de ter sido causada por dengue, foi confirmada pelo secretário Sandro Benites.

Para conter o avanço da doença, a Sesau afirma que vai intensificar mutirões e firmar parceria com as Forças Armadas, com objetivo de conscientizar e incentivar a população para que limpem casas e terrenos e diminuam os focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti.

“Essa semana iremos fechar parceria com a Aeronáutica e queremos fazer com que a população limpe a casa”.