Empresário que tentou anular licitação de loteria em MS estava com 19 máquinas de jogo do bicho

Adriel Mattos

Durante operação policial contra o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, na terça-feira (25), foram apreendidas 19 máquinas de jogo do bicho na casa do empresário Sérgio Donizete Balthazar. Balthazar é amigo da família Razuk e teve apoio do patriarca, Roberto, para entrar na disputa pelo controle de loteria estadual.

Balthazar e Razuk estão entre os 20 presos na quarta fase da Operação Successione, do Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul). Razuk chegou a ser preso, mas conseguiu relaxamento para prisão domiciliar.

Todos os alvos presos passaram por audiência de custódia na manhã desta quarta-feira (26). Não há informações se o  Rhiad Abdulahad foi preso na ação.

 

Empresário é suspeito de integrar organização criminosa ligada ao jogo do bicho

Os mandados contra Balthazar foram cumpridos em  pelo BPMChoque (Batalhão de Polícia Militar de Choque), que deu apoio à operação do Gaeco. Na casa do empresário de 53 anos, os policiais ainda levaram computadores, telefones celulares e outros itens previstos na busca e apreensão.

Durante as buscas, foram encontradas 19 máquinas usadas no jogo do bicho. O empresário foi conduzido sem algemas para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da cidade.

Balthazar teve a prisão preventiva decretada por suspeita de ter cometido o crime de organização criminosa. A investigação da fase atual da Successione continua sob sigilo.

Roberto Razuk pagou para amigo disputar loteria de Mato Grosso do Sul

Um ano depois de perder a disputa na Lottopar (Loterias do Estado do Paraná), Roberto Razuk apoiou o empresário Sérgio Donizete Balthazar, dono da empresa Criativa Technology, na disputa pela licitação da Lotesul (Loteria Estadual de Mato Grosso do Sul). Ele pagou pela abertura de processo judicial de Balthazar para barrar a disputa.

A Criativa foi uma das empresas que questionou o edital de R$ 51,4 milhões, em março de 2025, alegando direcionamento, ou seja, a previsão de exigências específicas que poucas concorrentes poderiam cumprir. Porém, a Justiça negou o pedido de Balthazar.

A licitação da Lotesul acabou suspensa pouco depois. O Governo do Estado ainda prepara novo edital para a loteria.

As acusações contra os alvos da Successione

Jornal Midiamax teve acesso aos autos das prisões em flagrante de cinco alvos. O comerciante Samuel Ozório Júnior é suspeito de  ativa e passiva e também de roubo.

Já o comerciante Jonathan Gimenez Grance é acusado pelo MPMS de corrupção passiva e roubo. Marco Aurélio Horta, chefe de gabinete do deputado estadual Neno Razuk (PL) é suspeito de corrupção ativa e passiva. E o empresário Marcelo Tadeu Cabral é suspeito de corrupção passiva.

Confira a lista de presos confirmados (até o momento):

Gaeco deflagra quarta fase da Operação Successione

Na terça-feira, 25 de novembro de 2025, o Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) deflagrou a quarta fase da Operação Successione, contra uma organização criminosa que explora jogos ilegais.

Foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva e de 27 mandados de busca e apreensão nos Municípios de Campo Grande, , Dourados, Maracaju e Ponta Porã, além de alvos nos Estados do Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Entre os presos, estão o empresário e ex-deputado estadual Roberto Razuk; Rafael e Jorge Razuk, filhos de Roberto; o advogado e suplente de deputado estadual Rhiad Abdulahad; além do empresário Sérgio Donizete Balthazar e uma pessoa identificada como Samuel Ozório.

Em dezembro de 2023, o Gaeco identificou que o grupo tentou assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande, após a derrocada da família Name na Operação Omertà, em dezembro de 2019.

O deputado estadual Neno Razuk (PL) — filho de Roberto Razuk — é apontado pelos promotores como líder da organização criminosa que contava com policiais militares como ‘gerentes’ do grupo que controlava o jogo do bicho no Estado.

Os mandados foram cumpridos em endereços dos pais de Neno, do chefe de gabinete dele e de Rhiad.

Roberto Razuk foi apontado pelo Gaeco como antigo chefe da operação do jogo do bicho na região sul do Estado. Até a década de 1990, o esquema em todo o Mato Grosso do Sul era liderado por Fahd Jamil, também alvo da Successione em fases anteriores.

Fahd deixou o comando da organização criminosa e dividiu a operação em duas frentes: a região de Campo Grande ficou com Jamil Name e a da região de Dourados e Ponta Porã passou para Roberto Razuk. O antigo líder ficou distante, mas manteve influência, como mostrou reportagem da revista Piauí em dezembro de 2024.