Candidatas denunciam ‘olhômetro’ após alagamento no TAF da Polícia Civil de MS

Lívia Bezerra

Mulheres que participaram do TAF (Teste de Aptidão Física) do concurso da PCMS (Polícia Civil de ) reclamam da pista improvisada e dos critérios de avaliação da banca examinadora. O TAF das candidatas foi realizado no domingo (23), no Colégio Militar de .

As reclamações vão desde a pista improvisada devido à chuva até as flexões fora do padrão. Segundo explicou uma analista judiciária, de 42 anos, o primeiro exercício foi a flexão de braço. Para ela, não houve padrão na realização da flexão e, mesmo assim, várias candidatas foram desclassificadas.

“Na hora, cada uma fazia de uma forma, sendo umas no modelo militar, e eles não quiseram aceitar. Isso não estava padronizado, alguns examinadores aceitaram e outros não”, contou a candidata.

A analista relatou ainda que houve falta de equilíbrio na largada do teste de corrida — que consistia em um percurso de 2 metros em 12 minutos para as mulheres. “Fizeram nossa largada em fila indiana e, gente como eu, ficou lá atrás. Quando fui terminar, fiquei a cinco metros do examinador, e eles não quiseram considerar. Me reprovou e reprovou mais umas três meninas”, disse ao Jornal Midiamax.

Além disso, a pista foi improvisada no estacionamento do colégio, em decorrência de uma chuva que atingiu a Capital no domingo (23). Na ocasião, alguns cones foram colocados para sinalização, e as mulheres precisavam ir e voltar pelo mesmo trajeto, até completar os 2 mil metros exigidos pela banca.

“Teve meninas que ficaram até 21 horas da noite na pista improvisada, pois choveu e a pista inundou. Então, eles colocaram cones no estacionamento até 200 metros, aí tinha que correr 200 m para ir e 200 m para voltar. Mas, quando a pessoa chegava ao final, ela perdia a velocidade na hora de voltar e tinha que fazer esse movimento dez vezes, porque eram 2 mil metros em 12 minutos”, reclama a analisa.

Distância final marcada por ‘olhômetro’

Outra candidata do concurso da PCMS relatou à reportagem que fez o teste de corrida na pista improvisada e, mesmo estando preparada e com aprovação em exercícios anteriores, sentiu-se prejudicada. A concurseira de 32 anos aponta uma sucessão de erros na execução da pista.

“Acredito que muitas foram prejudicadas nessa pista, porque mesmo as meninas que estavam correndo superbem fizeram em um tempo maior do que costumavam fazer nos treinos. Como o chip não funcionou, a distância ao final do percurso era marcada pelos avaliadores no ‘olhômetro’. Muitas fizeram em um tempo de 11min45s, por exemplo, e o avaliador marcava 12 minutos. Eu terminei em um trecho da pista e tiveram colegas que terminaram mais atrás, ou à frente, com a mesma distância que a minha”, contou.

“Em todo certame e em todas as fases podem ocorrer eventos adversos. Contudo, o concurso da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, conduzido pela controversa banca Avalia, do Paraná, extrapolou qualquer razoabilidade”, acusou outra assistente de atividades educacionais, de 36 anos.

‘Violação aos princípios da isonomia’

Procurado pelo Jornal Midiamax, o  André Luiz Godoy Lopes, especialista em concursos públicos, explicou que a situação coloca em dúvida a regularidade e isonomia do TAF.

“Diante desse cenário, o que se avalia é uma violação aos princípios da isonomia, razoabilidade e segurança, que são essenciais em qualquer certame público. Nosso escritório está acompanhando esses casos individualmente e analisando a viabilidade de recursos administrativos e, se necessário, medidas judiciais para resguardar o direito dos candidatos”, afirmou.

A reportagem acionou a banca examinadora do TAF e aguarda um posicionamento sobre as reclamações. O espaço segue aberto para manifestações futuras.