Leonardo Cabral em 05 de Novembro de 2025
Leonardo Cabral/Arquivo Diário Corumbaense
O Porto Geral de Corumbá será palco, no domingo (9), da 6ª edição do Saltenha Fest. O evento, realizado pela Associação dos Saltenheiros do Pantanal, celebra o Dia da Saltenha, comemorado em 10 de novembro.
Mais de 15 barracas vão oferecer diferentes receitas da saltenha, tradicional salgado da culinária boliviana que se tornou marca da gastronomia corumbaense. A associação reúne ambulantes, saltenharias, serviços de delivery, padarias e famílias que produzem o salgado artesanalmente. Hoje, a saltenha é considerada um símbolo da fronteira e da memória afetiva de quem deixou a região.
“Saltenha virou uma marca de Corumbá. Este já é um evento aguardado pela população e representa a maior celebração da integração cultural entre Brasil e Bolívia no oeste do país. As vendas chegam a ultrapassar 8 mil unidades, com o Porto Geral lotado ao ritmo de muita cumbia”, destacou o organizador, Arturo Ardaya.
Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense
Salgado boliviano caiu no gosto dos corumbaenses e é tradição na região
Segundo ele, o salgado foi incorporado ao cotidiano local e se tornou uma importante fonte de renda. “É a única festa cultural que realmente integra a fronteira. Os bolivianos fazem festas típicas bolivianas, nós temos o carnaval brasileiro. Agora, uma festa que nasce da mistura das duas culturas é a Saltenha Fest”, completou.
Além da variedade gastronômica, o público poderá encontrar outros pratos típicos bolivianos. A programação musical contará com o grupo boliviano Sombras de América, que promete animar o evento com ritmos como salsa, merengue e cumbia, incluindo clássicos já conhecidos em Corumbá.
O festival começa às 15h, no Porto Geral.
A saltenha
A saltenha (do espanhol salteña) é um tipo de pastel assado, com formato semelhante ao dos calzones. Se caracteriza por ser muito acessível.
Nas obras de Antonio Paredes Candia (historiador e escritor), é possível saber que, no início do século XX, a senhora Juana Manuela Gorriti, que mais tarde se tornaria esposa do presidente Manuel Isidoro Belzu, nascida na cidade argentina de Salta, teve de fugir para o exílio com a sua família, durante a ditadura de Juan Manuel de Rosas. Deixou todos os seus bens para trás e instalou-se em Tarija, na Bolívia. Durante muitos anos, a família Gorriti foi marcada por uma pobreza extrema. O desespero levou a família a começar a preparar uns pastéis que chamava como “empanadas caldosas”, que eram típicas de algumas cidades europeias, na época.
A venda destes pastéis tornou-os muito populares, ao mesmo tempo que Manuela foi apelidada de “a saltenha”, devido a sua cidade de origem. Os pastéis foram lentamente ganhando popularidade em Tarija e acabaram se tornando uma tradição. Com o passar do tempo, o nome de Manuela Gorriti foi esquecido, mas não o apelido, razão pela qual a iguaria continua a ter o nome de saltenha.
Existem muitas variedades, dependendo do recheio, mas todas mantêm um estilo e uma massa comuns.
