Campo Grande News – FOLHA MS
A margem de lucro dos postos de combustíveis em Mato Grosso do Sul cresceu 63,63% na venda de gasolina comum entre 2022 e até julho de 2025. O aumento, que supera a inflação do período, é impulsionado pela baixa competitividade de preços, com postos da maioria das cidades do Estado operando com valores muito próximos entre si. A constatação é feita a partir de uma análise de dados oficiais da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) realizada com base no cálculo do desvio-padrão.
Um resultado de desvio-padrão baixo indica que os preços da gasolina comum – analisados pela reportagem – em diferentes postos de combustíveis de uma mesma cidade são muito próximos, o que na prática indica baixa concorrência, ou seja, os postos tendem a seguir um preço de referência.
Sobre o tema, A AGU (Advocacia-Geral da União) solicitou a abertura de uma investigação no começo de julho para apurar indícios de que distribuidoras e postos de combustíveis não estariam repassando ao consumidor as quedas nos preços feitas pelas refinarias e estariam lucrando com a diferença. O pedido foi encaminhado à Polícia Federal, ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a outros órgãos de controle
A reportagem chegou aos resultados a partir da análise dos dados das planilhas de revenda de combustíveis, referentes ao período de janeiro de 2022 a 27 de julho de 2025. Os dados mostram que a margem de lucro no Estado acompanhou a tendência nacional de aumento — na média, no Brasil, foi de 97% —, com um crescimento significativo de 63,63%. A inflação acumulada no país, entre janeiro de 2022 e julho de 2025, foi de aproximadamente 20%, o que demonstra que a elevação do lucro dos revendedores de gasolina foi três vezes maior do que a variação de preços.
Os números revelam que apenas Corumbá, a 428 km de Campo Grande, possui maior variação de preços entre os postos, apresentando desvio-padrão de R$ 0,26. Já Ponta Porã, Três Lagoas, Dourados e Campo Grande tiveram variação inferior a R$ 0,14 nos postos, com a Capital liderando a pouca diferença nos valores.
Outros combustíveis – Pelos dados apurados, a margem de lucro do etanol nos postos de Mato Grosso do Sul registrou uma elevação mais modesta entre 2022 e 2025, com um aumento de 19,12%, dentro da inflação do período. A variação de preços entre os postos para este combustível é a maior de todas, sugerindo um cenário de maior concorrência no mercado local.
O desvio-padrão do etanol em Campo Grande foi de 0,165, o mais alto em comparação com a gasolina e o diesel na capital. O mesmo padrão de maior dispersão de preços se repetiu em outras cidades, como Dourados (0,172) e Três Lagoas (0,209). O comportamento sugere uma disputa de mercado mais ativa, onde os revendedores ajustam seus valores com maior frequência.
Por fim, o aumento discreto de 4,76% entre 2022 e 2025 no gás de cozinha indica estabilidade de um mercado que opera com pouca ou nenhuma disputa de preços, com a oferta de GNV restrita a poucas localidades do estado. Os dados da Agência Nacional do Petróleo são apenas de Campo Grande, onde o desvio-padrão foi de 0,022.
A reportagem entrou em contato com o Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), mas não houve retorno até a publicação desse material.
