Mais de 10 Mil Mulheres em MS Enfrentam Dificuldades no Acesso ao Parto e Precisam Viajar para Dar à Luz

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que mais de 10 mil mulheres em Mato Grosso do Sul enfrentaram desigualdades no acesso ao parto ao longo da última década. Os dados, obtidos pelo DATASUS, analisaram a realidade do período entre 2010-2011 e 2018-2019, evidenciando um crescimento preocupante na distância percorrida por gestantes para receber atendimento adequado.

Gestantes Precisam Viajar Cada Vez Mais para Dar à Luz

A pesquisa indicou que, no Centro-Oeste, as mulheres sul-mato-grossenses são as que percorrem as maiores distâncias para realizar o parto. Em 2010, a média de deslocamento era de 92,9 km (cerca de 1h20 de viagem). Já em 2019, essa distância aumentou para 133,3 km, o que representa aproximadamente 1h50 na estrada.

No primeiro biênio analisado, 4.280 gestantes precisaram sair de seus municípios para dar à luz. Dez anos depois, esse número subiu para 6.341 mulheres. O crescimento do deslocamento reflete não apenas a concentração de hospitais em grandes cidades, mas também desafios relacionados à infraestrutura hospitalar e ao atendimento obstétrico disponível no estado.

Distância Percorrida Pode Influenciar Riscos na Gestação

Outro dado preocupante do estudo aponta que mulheres que enfrentaram desfechos adversos, como óbito neonatal ou materno, percorreram distâncias ainda maiores do que a média. Esse fator sugere que a dificuldade de acesso pode estar diretamente relacionada a complicações durante o parto.

O estudo também apontou um aumento no percentual de mulheres que precisaram sair de suas cidades para dar à luz. Em 2010, esse número era de 7,6% e subiu para 11,6% em 2019, embora ainda esteja abaixo da média nacional de 25%. Além disso, o tempo de deslocamento cresceu 39% e a distância percorrida aumentou 43% no período analisado.

Desafios e Necessidade de Melhorias na Infraestrutura

Os pesquisadores ressaltam que o aumento na necessidade de deslocamento pode ser explicado por fatores como:
✔️ Grande extensão das áreas rurais do estado
✔️ Concentração de hospitais em cidades maiores e na capital
✔️ Infraestrutura hospitalar desigual entre os municípios

Embora tenha sido considerada a melhor distância rodoviária possível para os cálculos, fatores como condições precárias de estradas e tempo de deslocamento real podem tornar a situação ainda mais difícil para as gestantes.

O estudo reforça a necessidade de um planejamento mais eficiente da rede de atendimento materno-infantil, garantindo que mulheres tenham acesso a um parto seguro e digno, independentemente da cidade onde vivem.

Fonte: https://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=149518