O Ministério de Minas e Energia irá deliberar nesta terça-feira (15) sobre a possível reinstalação do horário de verão no Brasil ainda este ano. O ministro Alexandre Silveira se reunirá com sua equipe técnica em Brasília para tratar do assunto. “A questão central é que, se houver risco energético, a prioridade será adotar o horário de verão”, afirmou Silveira na última sexta-feira (11), durante um evento em Roma.
“Se não houver risco, a decisão será tomada com base em um custo-benefício que considerarei com serenidade. Não é apenas sobre economizar na conta de energia, mas entender os impactos em outros setores. Felizmente, com o retorno do diálogo na política, podemos tomar decisões mais ponderadas”, explicou o ministro, ressaltando que a decisão precisa ser feita ainda nesta semana para que haja tempo de aproveitar a janela ideal em novembro.
A reunião foi agendada para terça-feira devido à urgência do assunto, e Silveira mencionou a importância de preparar os setores afetados, como o setor aéreo e de segurança pública, caso a decisão seja favorável à implementação do horário de verão.
Segundo o ministro, o período mais relevante para o horário de verão vai de 15 de outubro a 30 de novembro, sendo que, após essa data, a importância da medida começa a diminuir gradualmente.
Ele destacou ainda que o horário de verão é uma política pública adotada em diversos países e não deve ser tratada como uma questão ideológica. “É uma política implementada em várias nações, especialmente as desenvolvidas. Ela foi eliminada no Brasil em 2019 por razões ideológicas, mas deve ser considerada por seus méritos práticos”, frisou o ministro.
Crise hídrica
Silveira também abordou a questão das hidrelétricas, que dependem de fatores climáticos, como é o caso de Belo Monte, no Pará. Segundo ele, a atual crise hídrica é a mais grave desde 1950, com o menor índice pluviométrico registrado nos últimos 73 anos.
Graças a medidas preventivas adotadas ao longo do ano, como a redução da vazão em usinas como Jupiá e Porto Primavera, o Brasil conseguiu evitar maiores problemas energéticos. “Hoje temos segurança, mas é necessário equilibrar a segurança energética com tarifas acessíveis e planejar para os próximos anos, até 2026”, comentou o ministro.
Eleição
O ministro também garantiu que, caso o horário de verão seja adotado, ele não afetará o segundo turno das eleições, que está marcado para o dia 27 deste mês. “Se for decretado, não haverá impacto na eleição, pois é necessário um prazo mínimo de 20 dias para que setores como o aéreo possam se planejar”, explicou Silveira.
Silveira afirmou que a decisão será tomada com toda a cautela e responsabilidade, pois trata-se de uma política com grandes implicações. Ele destacou que o presidente Lula já indicou que a decisão não é política e confiou a responsabilidade ao ministro de estado, que tomará a decisão com base em aspectos técnicos e sensibilidade política e social, garantindo a economia e segurança energética para o Brasil.
ONS
Na última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada em outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou as projeções para o período entre outubro de 2024 e março de 2025.
As previsões apontam incertezas quanto ao início do período chuvoso, ainda que alguns modelos indiquem aumento nas precipitações a partir da segunda quinzena de outubro. “As chuvas precisam primeiro recuperar a umidade do solo, para que, posteriormente, se observe o aumento dos níveis dos reservatórios”, informou o ONS.
De acordo com os cenários traçados, a projeção de Energia Natural Afluente no Sistema Interligado Nacional (SIN) para o período de outubro de 2024 a março de 2025 está abaixo da média de longo prazo. No cenário mais otimista, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste alcançaria, ao final de março de 2025, 13,8% acima do armazenamento verificado em março de 2024. No cenário mais pessimista, essa projeção seria 23,4% abaixo do registrado.
No curto prazo, os estudos indicam que os níveis dos reservatórios continuarão a diminuir até o final do ano, com expectativa de recuperação apenas a partir de janeiro de 2025. O principal desafio até dezembro será atender a demanda máxima de energia, que ocorre geralmente entre 18h e 20h.
“As projeções ajudam o CMSE a decidir sobre a necessidade de medidas preventivas para aumentar a segurança do SIN. O ONS segue monitorando a situação e implementando iniciativas para garantir o fornecimento de energia”, concluiu o ONS.
Edição: Agência Brasil
Fonte: https://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=147431