A fumaça densa que pode ser vista de longe é sinal de incêndio florestal. No campo, as chamas baixas na vegetação verde e com certa umidade são controladas com aceiros (faixas de terra que impedem a propagação do fogo). Na tentativa de atuar em sincronia, as mãos em treinamento impõem o abafador no solo ao mesmo tempo que cada um entoa um som ritmado, quase cantarolado e em cadência que é fundamental para extinguir o fogo.
Todo o cenário é elaborado para que os 187 alunos do curso de formação de soldados do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) possam atuar em um incêndio florestal. Mas mesmo durante o treinamento – realizado na fazenda modelo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), localizada em Terenos –, as dificuldades para o combate a incêndio florestal já se mostram extremas para os alunos.
“As maiores dificuldades que estamos encontrando é carregar os materiais, que são muito pesados, fazer a confecção e a manutenção deles. No combate tem a fumaça, que é muito densa e acaba dificultando o nosso deslocamento. O racionamento de água também, porque a gente tem que transportar tudo que vamos comer ou beber durante o percurso, e são longos quilômetros combatendo o fogo. Isso tudo dificulta o nosso desempenho e a logística em si dos alunos para se adaptar a situação e fazer o combate de forma eficiente”, explicou a aluna soldado Izabelle Delaterra.
“Tivemos muitas instruções teóricas, de manuseio de abafadores, várias ferramentas utilizadas nesse ambiente. E agora podemos executar, aplicar de forma prática, é muito importante para futuramente podermos exercer a atividade com eficiência. É interessante saber que de forma conseguimos entrar num ambiente que é hostil, difícil e arriscado, mas aplicando todas essas atividades de forma correta, usando os EPIs, conseguimos efetivamente o resultado que é apagar os incêndios florestais”, disse o aluno soldado Luan Amorim.
A simulação dá segurança e, durante o trabalho, as técnicas de combate são ensinadas e aplicadas. Em uma situação real, tudo que é passado durante a formação da força tarefa de combate a incêndio florestal se faz essencial para o sucesso da missão e a garantia da segurança das equipes.
“Os alunos estão tendo contato com a parte de prevenção e combate a incêndios florestais. Eles tiveram toda a parte teórica, fundamentos, e participam pela primeira vez da prática, com a situação controlada e simulada de incêndio real. Eles têm que ter essa noção, sentir um pouco da proximidade da situação real para que depois saibam o que poderá ocorrer nas operações reais”, afirmou o tenente Ícaro Tomazini, responsável pelo treinamento.
Saul Schramm/Governo do Estado
Preparação dos alunos soldados para situações reais é importante para que consigam atuar de forma eficiente nas missões futurasA preparação dos alunos soldados para situações reais é importante para que consigam atuar de forma eficiente nas missões futuras de combate a incêndios florestais em todos os biomas presentes no Estado – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica.
“A ideia é a gente simular uma situação real de incêndio em vegetação, então eles têm contato com a dificuldade de terreno, ambiente, fumaça, calor. Coisas que até então os alunos não têm essa vivência e quando se formarem, já tendo esse contato prévio, vão estar muito mais capacitados”, afirmou Ana Brites, bombeira militar e especialista em combate a incêndio florestal.
“Esta ação de capacitação das noções de combate a incêndio florestal para os alunos soldados é de suma importância e é mais uma etapa do investimento do Estado de Mato Grosso do Sul na capacitação dos nossos profissionais. Assim que formados eles já podem estar a pronto emprego nas atividades de proteção ao meio ambiente. Esse ambiente controlado é para a gente fazer a capacitação e eles entenderem a técnica, mas chegando mais próximo do que é a realidade”, explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais no Estado.
O treinamento dos alunos soldados teve início em janeiro deste ano, com carga horária de 1.599 horas/aula distribuídas ao longo de nove meses. Eles são preparados para atuar em busca e salvamento terrestre, aquático e em altura, além do combate a incêndios florestais e urbanos, entre outras diversas ocorrências.
O módulo de incêndios florestais durou uma semana e terminou nesta sexta-feira (14). Como parte da preparação para a temporada de incêndios florestais, em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado já poderá contar com o trabalho dos soldados.
“Antes mesmo do período crítico da temporada de combate a incêndio florestal, a gente já está trabalhando essas técnicas com eles para que futuramente consigam entrar em combate nos incêndios florestais. São 187 alunos que estão recebendo esta capacitação e que findando a formação deles já estarão aptos a atuar no combate aos incêndios em Mato Grosso do Sul. Esperamos, ainda nesta temporada, contar com o apoio dos alunos, futuramente soldados, com a capacitação que estão recebendo”, finalizou a tenente-coronel.