Ação foi deflagrada a partir da Operação Mamon, de 2021, que investigou dois grupos criminosos
Por Silvia Frias | 19/12/2023
A Justiça Federal aceitou denúncia contra o vereador Allex Dellas (Republicanos) e mais nove pessoas por crime de lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa a serviço do tráfico de drogas. O esquema foi investigado na Operação Mamon, deflagrada em abril de 2021.
Allex Dellas é líder do prefeito Marcelo Iunes na Câmara Municipal e, segundo a denúncia, pertence ao núcleo criminoso comandado pelo pai, Ale Thair Della, e que ainda tem a participação do irmão do vereador, Matheus Prado Della.
En nota, André Borges advogado de defesa da família Della afirmou que “todos sempre estiveram à disposição da justiça; aguardam as citações para se defenderem regularmente; confiam muito que no final tudo será esclarecido, com a absolvição”.
Polícia Federal cumpre mandado em imóvel no bairro Cravo Vermelho, em Corumbá. (Foto: Divulgação/PF)
A denúncia foi aceita pelo juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal, no dia 28 de agosto deste ano, contra sete denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal), porém, em publicação no Diário da Justiça Federal do dia 12 de dezembro, foram incluídos outros dois nomes que haviam ficado de fora, quando os outros denunciados se tornaram réus.
Agora, conforme dados do processo, tornaram-se réus Allex Prado Della (que usa nome político Allex Dellas), Matheus Prado Della, Ale Thair Della, Guilherme Regenold Neto, Ioneide Nogueira Martins, Maria Lúcia Martins, Mayara Pinho Tucan, Luciano Cestari, Lukas Martins Nogueira e Ademilson Dias Bezerra.
Além da condenação pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, o MPF também pede que os réus sejam obrigados a pagar R$ 8,5 milhões em indenização como “reparação pecuniária”, valores calculados conforme o grau de dano moral. Ao vereador, em caso de condenação, que seja feito o pagamento de R$ 2 milhões.
O MPF pede, ainda, o perdimento de todos os bens imóveis e veículos sequestrados na operação, tanto em nome dos denunciados quanto aos vinculados aos “laranjas” e de pessoas jurídicas relacionadas ao grupo criminoso.
Carros de luxo apreendidos durante a operação, em abril de 2021 (Foto/Arquivo)
Caso – A Operação Mamon foi deflagrada pela PF em abril de 2021 para investigar duas organizações criminosas que agiam em conjunto para lavar o dinheiro do tráfico. Em quatro anos, conforme o MPF, usavam bares e mercadinhos em Corumbá para “inserção dos recursos ilícitos em atividades ilícitas, permitindo o branqueamento de capitais”, valores que chegaram a R$ 80 milhões em quatro anos.
Os dois grupos, um comandado pelo pai do vereador, Ale Della, e o outro comandado por Ioneide Nogueira, o “Paraná”, segundo a denúncia, mantinham contato com organização criminosa independente, liderada por Jorge Luis da Silva, o “Bolão”. Os líderes não tinham bens registrados, não figuravam como proprietários formais de empresas voltadas para lavagem de capitais, usando nomes de laranjas para isso.
Uma conveniência, por exemplo, movimentou pelo menos R$ 23 milhões em créditos e débitos, de 2019 a 2020. A empresa faturou, em venda de cartões de crédito, entre setembro de 2019 a janeiro de 2020, o montante de R$ 933 mil, ganho incompatível com a localização do estabelecimento. Segundo a investigação, 90% desse faturamento decorreu de transações de apenas três cartões, sendo deles dois de Allex Dellas.
A reportagem também entrou em contato com o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, que somente disse que “não fala nada por outros”. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS