FolhaMS
O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelou, após quase quatro anos de investigação, a existência de um esquema de corrupção que teria funcionado entre os anos de 2018 e 2019 nas delegacias de Corumbá e Ladário. Segundo o Gaeco, dois grupos distintos liderados por delegados lotados nas unidades, recolhiam drogas das ruas, mas em vez de responsabilizar os traficantes, revendiam os entorpecentes para outros criminosos.
A investigação apontou que os dois grupos eram rivais e reuniam personagens conhecidos em Mato Grosso do Sul. Fernando Araújo da Cruz Júnior, condenado a mais de 16 anos de prisão por matar um homem boliviano dentro de uma ambulância, liderava um dos grupos. O outro era liderado por Rodrigo Blonkowski.
As investigações foram feitas entre 2018 e 2019, mas apenas no mês passado todos foram denunciados à justiça pelo Gaeco. Os promotores detalham em 38 páginas a investigação da Corregedoria da Polícia Civil, que em 2018 começou a interceptar as ligações dos envolvidos. Foram meses analisando o comportamento dos delegados e a rotina nas unidades onde trabalhavam.
A denúncia aponta que os dois grupos corruptos nas delegacias tomavam dinheiro, armas e drogas dos traficantes e não registravam o ocorrido no boletim de ocorrência. Os delegados ainda revendiam as drogas apreendidas para outros traficantes da cidade e pagavam por informações sobre os criminosos que iriam “arrochar” além de extorquiam as vítimas que passavam pelas delegacias.
Segundo o relatório do Gaeco, a polícia encontrou conversas entre os próprios investigados que comprovavam a existência dos grupos criminosos dentro das delegacias. Identificou, ainda, indícios de convivência bastante amistosa, incluindo pescarias registradas em fotos, entre policiais e traficantes. O esquema foi desvendado graças à análise das ligações interceptadas pela Corregedoria da Polícia Civil, que descobriu a existência dos grupos nas delegacias.