Pouco mais de um mês depois de a cidade de Santa Cruz de la Sierra e alguns munícipios da Bolívia terem entrado em greve geral por 36 dias, uma nova crise vem afetando o país, que faz fronteira com Corumbá.
A prisão do governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, há uma semana, desencadeou novos protestos e confrontos entre os apoiadores do governo de Luis Arce e de Camacho, que está preso na Capital, La Paz. Ele é acusado de liderar a deposição do então presidente Evo Morales, em 2019.
Com os conflitos, registrados principalmente no departamento de Santa Cruz, novamente alguns setores, como o de transporte de cargas para importação e exportação, vêm sendo afetados pelos bloqueios realizados em estradas, como a Bioceânica, que liga a Bolívia ao Brasil, por Corumbá.
Na Bioceânica, os bloqueios são na cidade de Pailon; no município de Roboré, que fica a cerca de 300 km de Corumbá e outro no setor conhecido como Punta Carretera, próximo à cidade fronteiriça de Puerto Suárez.
Parado na Bioceânica, em Roboré, o caminhoneiro brasileiro, Paulo Henrique de Oliveira, contou ao Diário Corumbaense que está há quatro dias enfrentando as consequências dos protestos. “Saí da fronteira na madrugada de domingo (01), carregando uma máquina agrícola com destino a Santa Cruz. Na estrada tem alguns pontos que acabam nos cobrando entre 20 a 30 bolivianos, em forma de pedágio, para que possamos seguir, mas parei aqui em Roboré e não há previsão para continuar a viagem. Isso é sinônimo de prejuízo, até agora, aqui parado, já estou perdendo pelo menos R$ 2 mil”, contou Paulo Henrique informando que tem que retornar à Corumbá para carregar outra carga.
A fronteira da Bolívia com Corumbá está aberta, mas com os pontos de bloqueio ao longo da Bioceânica, o movimento de cargas registra queda, de acordo com Erivelton Moyses Torrico Alencar, chefe da Alfândega da Receita Federal.
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Caminhoneiros estão há quatro dias na fila aguardando para seguir viagem até Santa Cruz“Em média entre 600 a 800 veículos vão para a Bolívia todos os dias. Os bloqueios não são realizados aqui na fronteira, mas afetam veículos que não conseguem retornar. Estamos chegando num momento em que não há veículos para carregar as cargas que estão no Brasil, até porque, os veículos que entram na Bolívia e conseguem trafegar precisam de cadastro especial junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e a Agência de Transporte Boliviana, ou seja, temos poucos veículos na região para levar essas mercadorias até as cidades bolivianas e pode chegar um momento que não haverá mais nenhum”, explicou Erivelton.
Com os bloqueios, estima-se que o fluxo atual seja de 100 a 150 veículos diariamente, sem filas no Porto Seco. A Receita Federal está monitorando a situação e mantém contato com os permissionários dos recintos, com os representantes dos transportadores e com os demais órgãos de fronteira. Já os protestos, que entram no sexto dia, seguem na Bolívia, em decorrência da libertação de Camacho, que cumpre prisão no presídio de La Paz.