Férias elevam casos de queimaduras em crianças, principalmente em casa

Campo Grande News em 15 de Dezembro de 2025

Divulgação

Com a chegada das férias escolares e a presença das crianças em casa, aumenta-se o risco de acidentes domésticos envolvendo os pequenos, principalmente, casos de queimaduras. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada dez registros acontecem nos lares e a faixa etária mais atingida é a de 1 a 4 anos, em razão da curiosidade, da agilidade e da pouca noção de perigo.

Dados do DATASUS, compilados pela ONA (Organização Nacional de Acreditação), mostram que 3.613 crianças de 1 a 4 anos foram internadas por queimaduras no Brasil entre janeiro e setembro de 2025. O Nordeste lidera os registros, com 1.109 casos, seguido pelo Sudeste (938), Sul (777), Centro-Oeste (527) e Norte (262).

No mesmo período, Mato Grosso do Sul contabilizou 57 internações de crianças nessa faixa etária, ocupando a 18ª posição no ranking nacional.

Cozinha

A maior parte das queimaduras, conforme o levantamento, ocorre por contato com líquidos quentes. Situações comuns, como cabos de panela virados para fora, xícaras quentes na mesa ou panelas recém-retiradas do fogo, são suficientes para provocar acidentes.

De acordo com a pediatra e membro da ONA, Mariana Falavina Grigoletto, os atendimentos seguem um padrão. “A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos”, afirma.

Já as queimaduras por chama ou líquidos inflamáveis são menos frequentes, mas costumam ser mais graves. Entre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica é a principal causa em crianças. Pilhas e baterias também representam risco devido ao conteúdo corrosivo, segundo a pediatra.

Choques elétricos 

Choques elétricos aparecem entre os acidentes mais comuns na infância, geralmente provocados por tomadas sem proteção, fios desencapados e extensões improvisadas.

Sol

No verão, a exposição solar excessiva é outro fator de risco. Vermelhidão, dor e calor local são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior radiação.

Primeiros socorros

Em caso de queimadura, a orientação é não usar gelo, clara de ovo, manteiga, pasta de dente, pomadas, óleo de cozinha ou receitas caseiras, pois esses produtos agravam a lesão e aumentam o risco de infecção.

A recomendação é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada, por 10 a 20 minutos. Antes do inchaço, devem ser retirados anéis, pulseiras e acessórios. Roupas grudadas na pele não devem ser removidas; se necessário, apenas a parte solta deve ser cortada. Em caso de bolhas, a orientação é não estourá-las.

É importante procurar atendimento de urgência se houver:

– Bolhas

– Febre, dor intensa ou pus

– Aumento de vermelhidão

– Queimaduras em rosto, mãos, pés e genitais

– Náuseas, sonolência ou desmaio.

Como prevenir:

– Evite segurar a criança no colo enquanto cozinha ou manuseie líquidos quentes.

– Mantenha fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance das crianças.

– Vire os cabos das panelas para dentro.

– Priorize as bocas de trás do fogão.

– Evite que as crianças se aproximem de forno e fogão assim como ferro de passar roupa e chapinhas.

– Nunca deixe objetos ou líquidos quentes nas bordas das mesas

– Evite toalhas compridas que facilitem os puxões.

– Atenção ao micro-ondas: o aquecimento é irregular e pode gerar queimadura na boca

– Guarde os produtos químicos em locais altos e trancados.

– Tampe tomadas e redobre a atenção com fios soltos e desencapados.

– Descarte pilhas e baterias adequadamente.

– Teste sempre a temperatura da água do banho, antes de colocar a criança.

– Aplique protetor solar, reaplicando a cada duas horas, após mergulho ou suor excessivo.

– Evite exposição solar entre 10h e 16h. Use roupa leve, chapéu, óculos e acessórios de proteção.