Prefeito afastado de Terenos tenta liberdade pela segunda vez após denúncias de propina milionária e patrimônio inflado em 318%

Lu Barreto 

A defesa do prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke Wancura (PSDB), ingressou com um novo pedido de liberdade nesta semana. O gestor está preso há três semanas em decorrência da Operação Spotless, desencadeada pelo Gaeco e pelo Gecoc, que apura um suposto esquema de corrupção, fraude em licitações e pagamento de propina na administração municipal.

O relator do novo pedido é o desembargador Jairo Roberto de Quadros, o mesmo que já havia negado a primeira solicitação de liberdade feita pelos advogados de defesa. Agora, a estratégia jurídica se baseia em embargos de declaração.

Henrique Budke foi preso no último 9 de setembro, juntamente com outras oito pessoas, em uma ação que revelou a existência de uma organização criminosa com núcleos bem definidos dentro da Prefeitura de Terenos. Segundo o Ministério Público, o grupo fraudava licitações e direcionava contratos públicos para empresas ligadas ao esquema, movimentando mais de R$ 15 milhões em apenas um ano.

De acordo com a denúncia, servidores públicos eram corrompidos para atestar falsamente serviços e acelerar pagamentos a empresas contratadas. Conversas interceptadas pela polícia mostraram a manipulação de editais e o repasse de informações privilegiadas a empresários aliados.

Em um dos casos, referente à Tomada de Preços nº 006/2022, destinada a obras na Escola Jamic, a empresa Angico venceu o contrato de R$ 2,7 milhões, que, com aditivos, alcançou R$ 3,3 milhões. As investigações apontam que o prefeito teria recebido R$ 255 mil em propina, cerca de 7,5% do valor total da obra.

Uma planilha apreendida detalha os pagamentos, com datas e valores que somam R$ 255 mil, comprovados por conversas de WhatsApp, transferências bancárias e depósitos em contas de terceiros, incluindo a avó do então secretário de Obras, Isaac Cardoso Bisneto.

Outro ponto levantado pela promotoria é o patrimônio do prefeito, que teria saltado 318% em apenas quatro anos, de R$ 776 mil para R$ 2,4 milhões declarados. No entanto, ao cruzar os dados com valores de mercado, o Ministério Público estima que os bens de Henrique Budke alcancem R$ 6,14 milhões em 2024.

Entre os exemplos citados está a compra da Fazenda Ipê Amarelo, em Aquidauana, registrada por R$ 1,5 milhão, mas que teria valor real de R$ 4,35 milhões.

O processo segue em tramitação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Caso a Justiça aceite os embargos da defesa, o prefeito poderá aguardar o andamento das investigações em liberdade. Por ora, ele permanece detido, acusado de liderar um dos maiores esquemas de corrupção já identificados em Terenos.