Briga entre dois fazendeiros termina em morte na região de Dourados

Campo Grande News em 10 de Julho de 2025

Briga entre dois fazendeiros terminou em assassinato na manhã desta quinta-feira (10) no distrito de Itahum, município de Dourados. O pecuarista e empresário Paulo Afonso de Lima Lange, 66, é acusado de assassinar a tiros o vizinho, Volnei Kommers Beutinger, médico veterinário e também dono de propriedade rural no mesmo distrito.

De acordo com as primeiras informações sobre o caso, o crime ocorreu na propriedade de Paulo Lange, na margem da MS-468, a cerca de 70 km do centro de Dourados.

Volnei Kommers Beutinger teria ido até a propriedade de Paulo para procurar um boi que havia escapado de sua área e entrado nas terras do vizinho. Há relatos de que os dois já tinham desavenças. Paulo também é dono de loja de produtos veterinários localizada na Avenida Joaquim Teixeira Alves, centro de Dourados.

Quando chegou à sede da fazenda de Paulo Lange, Volnei teria discutido com o filho do fazendeiro e os dois entraram em luta corporal. Armado, Paulo disparou vários tiros na direção do vizinho. Um deles acertou o lado esquerdo do peito de Volnei, que morreu na hora.

Conforme informações ainda apuradas pela polícia, Paulo Lange teria mandado o funcionário que acompanhava Volnei retirar o corpo do local. Como o empregado se negou a cumprir a ordem, o próprio fazendeiro teria arrastado a vítima até sua caminhonete e levado até a propriedade de Volnei.

Após deixar o corpo na casa do desafeto, ele fugiu e está sendo procurado pela polícia.  O local onde ocorreu o crime fica a menos de 60 km do território paraguaio.

Escravidão

Em abril de 2013, fiscalização conjunta do MPT (Ministério Público do Trabalho), da Polícia Federal e Ministério do Trabalho e Emprego flagrou um trabalhador submetido a condições semelhantes à escravidão na fazenda de Paulo Lange.

O homem de 49 anos de idade era o único empregado da fazenda e tomava conta da criação de gado e de cavalo crioulo. Por nove anos, trabalhou das 05h da madrugada até 21h, inclusive aos domingos e feriados.

Mesmo com carteira registrada, o empregado relatou que não recebia salário regularmente, não havia equipamentos de proteção individual e morava em casa precária, sem água potável, alimentando-se apenas de arroz, macarrão instantâneo e carne de animais abatidos por ele na fazenda. O açude usado para matar a sede dos animais era onde o trabalhador tomava banho e coletava água para beber e cozinhar.

Quase dez anos depois, em 04 de outubro de 2022, Paulo Lange foi condenado pelo juiz federal Fabio Fischer a quatro anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto por crimes contra a liberdade pessoal (condição análoga à de escravo).