Diário Corumbaense
Era uma vez uma professora, ou melhor, uma contadora, ou porque não dizer, uma encantadora de pessoas, conhecida como Neide Leones Pereira, a “Neidoca”. Nossa heroína, que tem apelido de personagem de história infantil, realiza uma missão há muito tempo, em lugares “tão distantes”: o de levar o mundo mágico da Literatura Brasileira às comunidades ribeirinhas, alimentando sonhos e a imaginação de crianças e adultos.
Ela contou ao Diário Corumbaense que tudo começou em 2009, através do Programa Povo das Águas, ação da Prefeitura de Corumbá e parceiros, que leva diversos atendimentos sociais, médicos e odontológicos aos ribeirinhos. Ao lado da colega Mirian Bastos de Oliveira da Cruz, a “Miroca”, Neide observou que poderia humanizar as ações aproveitando um período em que as crianças aguardavam os atendimentos, o que deixava os pequenos apreensivos e incomodados.
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Educadora encanta crianças e adolescentes“Nas primeiras edições, íamos pela [Secretaria de] Educação, mas ajudávamos nos atendimentos, distribuindo fichas para consultas médicas, de dentistas, receitas. Com o passar do tempo, comecei a observar que muitas crianças ficavam incomodadas, chorando esperando os pais serem atendidos ou até com medo de serem examinados e foi então que pensei que poderia fazer algo diferente para poder atrair a confiança delas’’, lembrou Neidoca de quando começou com as contações de histórias das fábulas juntamente com a companheira da empreitada, Miroca, que depois deixou as ações mas até hoje é lembrada pelas crianças.
Com o passar do tempo, as duas foram se adequando, aperfeiçoando e enriquecendo as apresentações. A caracterização com alguns personagens, como a Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo; a Cuca; Mosquito da dengue; deixou a contação de histórias ainda mais interessante. Nesse momento, nasceu a personagem própria, “Neidoca”.
“Estar ali com eles, vendo-os parados, com os olhos totalmente fixados no que apresento é um momento especial, único, que não tem como descrever. É uma sensação de que além do aprendizado, podemos proporcionar um momento feliz, principalmente quando visitamos comunidades isoladas, pois acaba sendo a única distração deles. É uma festa que vai além, pois eles ‘bebem’ e se ‘alimentam’ desse conhecimento. É magico”, relatou Neide que está no Programa Povo das Águas desde seu lançamento.
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Neidoca vestida de Emília, ajudando no atendimento odontológicoUma das grandes alegrias da professora é ver que quem era criança na época que deu início ao trabalho lúdico, hoje já é mãe, pai ou adolescente. “Chego nas comunidades, eles já esperam a gente de braços abertos e esse calor é inexplicável. Quem era criança antes, hoje é adolescente ou mãe e pai, e eles me ajudam contando histórias comigo enquanto os pais estão em atendimento médico, odontológico, entre outros serviços que levamos com o programa”, destacou.
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Vestida de personagem Cuca, professora brinca com as crianças enquanto os pais são atendidos
Além dos contos, Neidoca leva o trabalho de pintura facial. “Vê-los se deliciando com essa forma de ensinar é a melhor recompensa. Não há nada melhor do que fazer suas malas de volta para casa com a sensação de dever cumprido ao retornar dessas regiões do Pantanal. Quando volto para casa, conto os dias para estar lá novamente e levar novos temas e personagens, sempre inovando, para ensinar através do lúdico e arrancar sorrisos das crianças”, finalizou a professora.
Neide é contadora de histórias e funcionária da Prefeitura, cedida para a Biblioteca do Sesi. Para o Programa Povo das Águas, ela leva doações de doces e roupas. Quem se interessar em colaborar, basta entrar em contato pelo telefone (67) 99214-2730.
