Leonardo Cabral em 18 de Maio de 2025
TV Unitel Bolívia
Grupos de inteligência da Força Anticrime da Bolívia entregaram Marco Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, às autoridades brasileiras. O homem, apontado como substituto do traficante Marcola no comando da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foi capturado quando tentava renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI), documento para não bolivianos que residem no país.
Expulso, a entrega de Tuta às autoridades policiais brasileiras ocorreu por volta das 06h deste domingo (18), na linha internacional, na fronteira de Corumbá (MS) com a Bolívia. A operação contou com a participação de mais de 50 policiais de diversas unidades da Polícia Federal.
Já em Corumbá, a Polícia Federal montou um forte esquema de segurança e por volta das 11h40 seguiu num comboio para o Aeroporto Internacional, onde um avião da PF aguardava para fazer o transporte do líder da facção criminosa. A decolagem ocorreu pouco antes das 12h20 (horário local).
A PF informou que Tuta foi levado para a Penitenciária Federal de Brasília. A escolta contou com 18 homens da Polícia Penal Federal e apoio das Polícias Militar e Civil do Distrito Federal.
Captura
De acordo com a Polícia Federal, a prisão ocorreu após Marcos Roberto comparecer a uma unidade policial boliviana para tratar de questões migratórias, apresentando um documento falso em nome de Maicon da Silva.
A falsidade foi detectada pelas autoridades bolivianas, que acionaram a Interpol e o oficial de ligação da Polícia Federal em Santa Cruz de la Sierra. A partir da confirmação de sua verdadeira identidade, ele foi detido pela Força Especial de Luta Contra o Crime Organizado na Bolívia (FELCC).
Saiba mais
No Brasil, Marcos Roberto de Almeida tem duas prisões decretadas em investigações do Ministério Público de SP (MP-SP). Ele também já tem uma condenação em 1° grau por organização criminosa, onde foi sentenciado a 12 anos e seis meses de prisão, além de responder outro processo por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Tuta foi um dos principais alvos da Operação Sharks, deflagrada em 2020. Na época, o Ministério Público de São Paulo confirmava que ele tinha assumido o comando do PCC depois que o ex-chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi transferido para um presídio federal, em fevereiro de 2019.
“O Marcos Roberto, vulgo Tuta, já era da sintonia de 1, mas não era o número 1 do PCC. Com a remoção do Marcola, ele foi elencado, nominado pelo Marcola para ser o novo n° 1 do PCC tanto dentro como fora dos presídios. É um velho conhecido nosso, só que em liberdade, ele atingiu o status, seria o novo Marcola na nossa concepção”, disse o promotor Lincoln Gakiya na época.
O MP-SP disse ainda, naquele ano, que Tuta tinha um cargo de adido do consulado de Moçambique em Belo Horizonte (MG). O termo “adido” é usado para designar um agente diplomático que não é um diplomata de carreira.
“É um indivíduo que tem contato em consulado, que transita no país e fora do país. É uma operação hoje que a ordem não está mais centralizada dentro do presídio, mas na rua”, disse o promotor Gakiya. Sua ligação com o consulado de Moçambique facilitaria o trânsito dele naquele continente, segundo as investigações. Ainda em 2020, o Ministério Público disse acreditar que Tuta tinha conexões no Paraguai, Bolívia e na África, onde o PCC também atua.
Com informações da TV Unitel (Bolívia) e site G1.
(matéria editada para atualização de informação)
