Gabriel Maymone – Midiamax
Ação penal por fraude ao sistema do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) vai continuar com a juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal da comarca de Campo Grande.
Isso porque a Justiça negou pedido de suspeição feito pela defesa do despachante David Cloky Hoffaman Chita.
A fraude foi revelada após operação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), em junho do ano passado. As fraudes seriam coordenadas pelo despachante em conluio com a servidora comissionada do Detran-MS e apadrinhada do PSDB, Yasmin Osório Cabral, que atuava na Cotra — corregedoria.
Caso fosse aceito o pedido, o processo teria que ser distribuído novamente para outra Vara Criminal. Então, as decisões proferidas até o momento ficariam suspensas até serem convalidadas por outro magistrado, que assumiria o caso.
No entanto, como o pedido foi negado, o processo segue o rito normal na 3ª Vara.
Conforme apurado pela reportagem, o advogado de David teria alegado que a juíza estaria ‘contaminada’ pelas provas, já que foi a própria Eucélia a responsável por decretar a prisão de David e da servidora comissionada Yasmin Osório Cabral, que está em prisão domiciliar com uso de tornozeleira.
Isso porque Eucélia atuou no inquérito policial para garantir a legalidade de todo o procedimento. Porém, depois de oferecida a denúncia, o processo foi distribuído para ela mesma dar prosseguimento.
A reportagem acionou o advogado de Chita no processo, Wilson Tavares de Lima, para saber se irá entrar com recurso contra a decisão ou se irá mudar a estratégia da defesa. No entanto, não houve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para posicionamento.
Tentou delação prometendo entregar verdadeiros ‘chefes’ do esquema
Alegando temer pela própria vida, David, que está foragido, tentou ano passado fazer acordo de delação premiada com o MPMS (Ministério Público de MS).
David diz que teve a prisão decretada porque as investigações teriam supostamente blindado os verdadeiros chefes do esquema de corrupção.
Em vídeo publicado pelo Jornal Midiamax — e entregue ao PGJ —, Chita revelava que teria sido ‘contratado’ pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB) para comandar as fraudes.
Segundo a investigação policial, o esquema rendeu mais de R$ 2 milhões para o grupo. O despachante afirma que o dinheiro seria para a campanha a prefeito do candidato do PSDB. Nas redes sociais, na época, Beto negou tudo.
No vídeo, o despachante revelava detalhes de como o esquema foi orquestrado. Sob a ‘batuta’ do parlamentar, tudo teria sido providenciado para ‘blindar’ o grupo. Até mesmo a nomeação da prima de Beto, Priscilla Rezende, para diretoria do Detran-MS. Na época, ela foi procurada pela reportagem, mas foi orientada pela assessoria do Detran a não conversar com a reportagem.
Outro nome do PSDB, Juvenal Neto — ex-diretor no Detran —, também foi citado por David. O ex-diretor do Detran apenas disse ao Midiamax desconhecer o assunto.
No fim, o pedido de delação foi encaminhado à PGR, em Brasília, onde foi arquivado por “ausência de elementos”.
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Despachante promete nova delação que pode mudar rumos de Reinaldo na Vostok
Conhecido das autoridades pelas fraudes no Detran-MS, David Chita negocia nova delação. O despachante está escondido após receber ameaça de morte. Para se entregar, pede um acordo de delação e garantia de proteção.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, prepara farta documentação e reúne informações que podem impactar o desfecho de operações policiais recentes em MS, como Miríade, Quarto Eixo, e a Operação Vostok, deflagrada pelo MPF contra o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
David Cloky também está citado em casos policiais como o suposto roubo de propina que implicou o filho de Reinaldo Azambuja, Rodrigo Souza, na investigação conduzida pelo promotor de justiça Marcos Alex Vera de Oliveira.
Sobre a possível delação que pode apontar novas acusações contra o ex-governador Reinaldo Azambuja, o advogado de Reinaldo, Gustavo Passarelli, disse: “Não temos nada a declarar com relação a esse fato”.
