A partir de um convênio existente entre o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude, e a Secretaria Estadual de Educação, recentemente foram formados 60 facilitadores em Justiça Restaurativa no âmbito das redes Estadual e Municipal de Educação dos municípios de Corumbá e Ladário.
Por meio das práticas restaurativas, como o Círculo de Construção de Paz, os facilitadores buscam difundir aos participantes preceitos de empatia e autorresponsabilidade, essenciais para a boa convivência social, além de contribuir na conscientização quanto à importância do ambiente escolar para o desenvolvimento pessoal e coletivo.
Para fomentar as práticas, o juiz da 1ª Vara Cível e coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) em Corumbá, Maurício Miglioranzi, tem participado dos círculos junto às escolas. A estimativa é de que sejam promovidos pelo menos 100 círculos de construção de paz neste segundo semestre, além de uma premiação às escolas que realizarem o maior número de atividades de incentivo à Justiça Restaurativa.
O objetivo é que todas as escolas da região que contem com facilitadores formados possuam uma ferramenta adicional de formação dos alunos e possam contribuir não apenas no âmbito escolar, mas também dentro das próprias famílias. A iniciativa também visa incentivar o verdadeiro diálogo e a capacidade de escuta.
Para a coordenadora Regional de Educação, Patrícia Acioly, a realização destas ações nas escolas é uma importante ferramenta que estimula a reflexão dos estudantes sobre seus atos, além de fortalecer o senso de pertencimento dos alunos ao ambiente escolar.
De acordo com a psicóloga Valquiria Rédua da Silva, instrutora de Práticas Restaurativas, os espaços de diálogos oportunizados aos estudantes são fundamentais para o enfrentamento de situações de violência nas escolas e para a facilitação de processos reflexivos e dialógicos em ambientes escolares e na sociedade de uma maneira geral, tanto no aspecto individual como na esfera coletiva.
“Precisamos buscar soluções que superem as relações violentas e desumanizadoras e que se estabeleçam através do diálogo e de práticas educativas”, destaca a psicóloga.
Práticas restaurativas são métodos alternativos à justiça tradicional que buscam solucionar conflitos por meio da colaboração e do diálogo entre as partes envolvidas. Esses métodos abrangem uma variedade de temáticas – como respeito, valores e combate ao bullying – e são frequentemente aplicados em ambientes escolares para estabelecer acordos em sala de aula e promover projetos de vida.
Além disso, círculos restaurativos são utilizados para abordar questões específicas, como comportamentos autolesivos, proporcionando uma abordagem mais inclusiva e empática para a resolução de problemas.