A família de Luana Guimarães Rodrigues, de 28 anos, denuncia negligência médica e pede apuração da morte do bebê dela, na última terça-feira, 12 de março, na Maternidade de Corumbá. Ela estava no oitavo mês de gestação.
Em entrevista, José de Arimatéia Rodrigues, de 33 anos, irmão de Luana, disse que a família espera por uma resposta. Ele contou que Luana saiu de ambulância na tarde da última sexta-feira, 08, da casa onde vive, no bairro Alta Floresta II, em Ladário. Ela estava com sangramento e sentia muitas dores.
“Minha irmã teve três idas e vindas à Maternidade, sendo a terceira no dia 08 de março, quando ficou internada. Minha outra irmã a acompanhou e dormiu com ela de sexta-feira, para o sábado (09). Eu dormi de sábado para o domingo (10) e de domingo para a segunda-feira (11), quando na troca de plantão, uma enfermeira disse que eu não poderia mais ficar lá”, contou.
José afirma que a irmã reclamava de dores, mas, aparentemente o quadro estava normalizado por conta da medicação. Já na terça-feira (12) a acompanhante de quarto de uma outra mulher que estava internada, ligou para ele à tarde, relatando que Luana não passava bem.
“Depois do banho, ela começou a passar mal. Por telefone, eu a escutava gemendo de dor, apresentava febre e estava com dores na região da nuca. Por volta das 19h, a médica que assumiu o plantão fez exame de toque e a mandou para a sala de cirurgia às 21h. Após tudo isso, soubemos que meu sobrinho havia nascido morto”, lamentou, ao relatar que exames foram feitos e Luana sentiu o bebê se mexer pela última vez no sábado pela manhã.
Após a confirmação da morte do sobrinho, que já tinha nome – Téo Benício -, José de Arimatéia registrou boletim de ocorrência 1262/2024 na Polícia Civil, como morte a esclarecer. O bebê passou por exames no Instituto de Medicina e Odontologia Legal; o laudo deve sair em alguns dias.
No registro policial, José diz que, “Luana foi levada para o centro cirúrgico acompanhada de sua irmã, que a família buscava informação da gestante, mas não havia resposta da maternidade. Após um tempo foi informado o óbito do recém-nascido à irmã e logo ao pai da criança. José alega que houve negligência médica durante a internação até o óbito”.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
José de Arimatéia registrou boletim de ocorrência na Polícia CivilAinda sem entender e indignado com a situação, ele cobra explicações. “Hoje foi minha irmã, amanhã pode ser outra. Sentimento de indignação, falta de consideração, negligência, estou sentindo muito essa dor, se fosse familiar deles? A minha parte que doeu foi pegar o caixão nos braços e levar para sepultar”, finalizou José.
O atestado de óbito do bebê informa como causa “anóxia intra uterina, descolamento de placenta”. Até esta quinta-feira (14), Luana Rodrigues, permanecia internada.
Abertura de procedimento
Em nota, a Junta Interventora da Associação Beneficente de Corumbá, que administra a Santa Casa e a Maternidade, informou que Luana deu entrada no dia 08 de março, com quadro de febre sem causa definida, e após avaliação do serviço de obstetrícia e a realização de exames complementares, permaneceu internada.
“Também foram realizadas toco cardiografias para a verificação da saúde do feto, no entanto, no dia 12/03/2024, na troca do plantão noturno para o diurno, a equipe constatou a falta de batimentos cardíacos do bebê”, diz a nota.
Após diagnóstico de descolamento de placenta e com a presença de “útero sangrativo”, a paciente foi encaminhada para a realização de cesariana pelo médico plantonista, “tendo sido constatado o óbito fetal”.
A Junta Interventora ressaltou que “eventuais transferências de pacientes para fora do domicílio de origem acontecem por orientações médicas, e no caso, não houve qualquer motivação pelos profissionais para a solicitação de vaga em outro hospital de referência”.
A administração da Santa Casa informou que solicitou esclarecimentos aos médicos que atenderam a paciente e comunicou a Direção Técnica e Clínica para a abertura de eventual procedimento junto à Comissão de Ética.
O Complexo Hospitalar da ABC é a única instituição hospitalar da região que atende o SUS (Sistema Único de Saúde). É referência de atendimento aos municípios de Corumbá, Ladário e cidades fronteiriças da Bolívia.