Diárionline
Cedida por Alexander de Oliveira
Um flagrante especial e pra lá de emocionante nesta segunda-feira, 23 de outubro. Assim, o técnico em informática, Alexander de Oliveira definiu o momento em que viu um dos tuiuiús, ave símbolo do Pantanal, junto a dois, dos quatro filhotes no ninho artificial, instalado às margens da BR-262, após o ninho natural, que ficava no alto de um Ipê, ter sido destruído pelas queimadas que devastaram o Pantanal em 2020.
Alexandre contou que toda semana pega a estrada entre Corumbá e Campo Grande, e, sempre que passa pelo ninho, procura parar e ver se há alguma imagem nova. Nesta segunda, por volta das 08h20, viu algo que chamou a atenção.
“Fiquei muito feliz quando vi que havia um filhote e fiz o retorno rapidamente para registrar a cena, mas para a minha surpresa, ao descer do carro, percebi que eram dois filhotes. Foi quando resolvi assobiar e os dois ergueram a cabeça e fiz as fotos. Que cena especial e emocionante. Um privilégio poder presenciar”, descreveu Alexander.
Nas viagens, o técnico em informática percebeu que uma das aves estava permanecendo no local. “Como passo quase que semanalmente por ali, vi que um deles estava ficando no ninho direto desde semana passada, até pensei que estava ali se preparando para botar o ovo, quando fui ver hoje, eram dois filhotes”, afirmou Alexander de Oliveira já tinha feito registro das aves no ninho, mas sem os filhotes, em maio de 2021. “Essa é a primeira vez que eles reproduzem ali”, ressaltou.
A Fundação de Meio ambiente de Corumbá confirmou a este Diário, que são quatro filhotes e que essa é a primeira ninhada do casal de tuiuiús depois da instalação do ninho superficial.
No alto de um Ipê
O ninho original ficava localizado no alto de uma árvore, um Ipê, às margens da BR-262. Depois de ser completamente destruído pelo fogo, no final de setembro de 2020, o ninho foi reconstruído de forma artificial, em outubro, ao lado da árvore que o abrigava. A reconstrução teve a parceria da Fundação de Meio Ambiente de Corumbá, Embrapa Pantanal, Concessionária de Energia Elétrica e Projeto Arara Azul.
De estrutura metálica, na época, a ação foi considerada inédita no Brasil, ainda mais pelo fato de o local ser protegido por lei municipal.
Pela tradição e beleza, bem como pela sua importância e como forma de proteção, o decreto municipal 964/2011, declarou que o Ipê-roxo ou Piúva, que sustentava o ninho de tuiuiú é imune de corte, é uma espécie de tombamento a esse bem natural, haja vista a sua importância simbólica por sustentar um ninho da ave símbolo do Pantanal.
O Ipê é uma das árvores mais altas da região e pela sua casca rugosa e copa aberta, é adequada para pousos e decolagens do tuiuiú, que, além disso, prefere essa espécie para fazer ninhos.
O tuiuiú e a reprodução
De plumagem branca e pernas pretas, a ave possui papo vermelho que se destaca entre o preto do pescoço. Com cerca de 30 centímetros, o bico é preto e muito forte.
O período reprodutivo dos tuiuiús coincide com o de estiagem das águas, quando o nível da água está baixando e os peixes ficam vulneráveis nas baías servindo de alimento para o casal e os filhotes, que aguardam nos ninhos, que podem chegar, em alguns casos em até três metros de diâmetro.
Uma vez construídos, eles permanecem no local e a cada ano só passam por “reparos”. As aves colocam novos galhos, capins e plantas aquáticas. A capacidade é de até quatro ovos no ninho.
Já os filhotes do tuiuiú permanecem no ninho até os três meses de idade e o casal fica unido durante todo o período reprodutivo, que vai de maio a novembro.