Pai de Sophia prestou depoimento e pediu para ser ouvido longe da ex-esposa, acusada por homicídio, que acompanhou a sessão
Midiamax
Uma das cinco testemunhas da primeira audiência da morte de Sophia Ocampo, que ocorreu na tarde desta segunda-feira (17), disse que nunca imaginou que a filha fosse capaz de matar a menina, além de ter ficado sabendo da morte dela pelas redes sociais. O pai de Sophia pediu para prestar depoimento, como testemunha, longe da ré.
O avô de Sophia, e pai da ré, confirmou que não tinha muito diálogo com a filha e que, apesar de estar separado da ex-esposa, ajudava a filha como podia. Apesar disso, ele afirmou que a filha reclamava dos pais devido à ausência deles. “Sempre tive um bom relacionamento com os dois, e ele tentava me aproximar dela”, disse em referência ao ex-genro.
O pai da ré ainda afirmou que nunca imaginou que a filha fosse capaz de matar Sophia e que ele não tinha ciência das agressões que a menina de apenas dois anos sofria. “Eu soube da morte pelas redes sociais”, afirmou.
Já durante o depoimento do pai de Sophia, o juiz Carlos Alberto Garcette afirmou que ele pediu para não falar na frente da ré, sua ex-esposa. Ele relatou que se separou da acusada quando a Sophia tinha dois meses de idade e, naquela época, a ex teria o proibido de ver a filha.
“Os hematomas começaram quando a Sophia tinha menos de um ano. Cerca de quatro meses antes da morte ela tinha comportamentos estranhos”, disse. Ele chegou a registrar dois boletins de ocorrência na Depca (Delegacia Especializada na Proteção da Criança e do Adolescente), e tentar a guarda, mas confessou não ter dado andamento no pedido.
“Proibiu as visitas”, diz mãe de ré
Segundo a mãe da ré, avó de Sophia, a filha teria mudado o comportamento depois que começou a se relacionar com o atual companheiro. Ela afirmou em plenário que reclamava da sujeira de onde eles viviam, e do entra e sai de pessoas estranhas no local. Por isso, ela disse que a filha começou a proibir visitas na casa.
Após isso, ela disse que diminuiu o contato com a neta e não apoiava o relacionamento com o réu, padrasto de Sophia. Ela ainda relatou que, no dia da morte, foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e a médica teria mostrado o corpo de Sophia. “Estava com a barriga dura e o órgão genital muito machucado. Eu acredito que ela era conivente com as agressões, às 14h daquele dia eu recebi uma foto da Sophia “dormindo””, disse a avó.
Durante o depoimento, que a ré acompanhou, ela se emocionou com a mãe dizendo que ela era uma boa filha e que o genro também “era uma ótima pessoa”. Apesar de estar presente no local, o padrasto preferiu não acompanhar a audiência.
Advogado de defesa espera laudos periciais
O advogado de defesa do padrasto da menina – acusado junto à mãe dela de estupro de vulnerável e homicídio – disse que aguarda a conclusão dos laudos periciais para que ele se pronuncie sobre a acusação de estupro.
O advogado Renato Cavalcante Franco, responsável pela defesa do padrasto, falou com a imprensa antes do início da audiência. Segundo ele, seu cliente nega as acusações de homicídio. “Temos que aguardar a instrução processual, tanto da parte dele como dela [da mãe], pois há apresentação de versões. Aquilo que foi colhido inicialmente na versão dele, ele nega o homicídio”, afirmou.
Segundo o advogado “ainda existem muitas coisas para averiguar”. Quanto à acusação de estupro, Franco afirma que é cedo para explicar a estratégia que será utilizada pela defesa. “Esperamos o resultado da perícia para dizer se houve ou não essa prática [de estupro], e se ela foi praticada ou não pelo nosso assistido”, finaliza.
Familiares com faixa
Familiares de Sophia estão em frente ao Fórum, no cruzamento das ruas Da Paz com 25 de dezembro, com faixa onde lê-se o artigo 227 da Constituição Federal. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à conveniência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, diz a faixa.